quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Práticas e praticantes

As práticas e seus praticantes. A realização da pesquisa em ciências sociais adota, na perspectiva praxiológica, os modos de existência e os regimes de signos a eles conectados como universo principal de descrição e análise. Mas o que é uma prática? Práticas são maneiras de agir, falar, sentir, pensar, habitar, que são ao mesmo tempo produto e meios simbólicos de estruturação da vida social. As práticas funcionam como um campo de historicidade. Portanto, um campo de práticas e um campo de historicidade são conceitos germinados.

Escolhas

O estilo de vida envolve escolhas, preferências, propósitos e desejos. Por vezes, somos escolhidos e escolhemos aquilo que nos escolheu. Haveria aí um tipo de destino subjetivo, como costumam dizer as teorias estruturalistas. Por outro lado, se é aceitável que as escolhas não podem ser de um sujeito livre, pois ninguém nasce livre, como afirmou Foucault em contraposição a Sartre, existe uma complexa relação entre crença e desejo nos fluxos do real. As crenças seriam formas de estabilizar os fluxos. Os desejos seriam motivadores para o agir. É nessa encruzilhada que se faz necessário pensar uma teoria do sujeito nas ciências sociais. Acho que é a única questão que me interessa ao longo do tempo. A relação entre o valor atribuído e a criação do valor no agir sociocultural. Esse problema teórico é uma paixão antiga. É algo que vai de Hegel a Nietzsche, passando pelo primado da existência que foi afirmado por Marx e Kierkegaard.

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Eticidade versus moralidade

Não existe código de ética, apenas código moral. A eticidade é a recusa ativa do codificável.

terça-feira, 20 de agosto de 2019

Realidade da realidade

O que é a realidade? É aquilo que não está em conformidade com os nossos desejos. Aquilo que nos contraria. A realidade é a incerteza, a fluidez, o caráter indecidível do real. O campo indeterminado das relações. A realidade, como dizia Austin, é uma confusão. É o que fere de morte nosso desejo de impor coerência aos fluxos do real, estabilizando-os segundo os princípios de nossa ordem. É o impossível que nos aflige, escapando de nós. O fora do controle.

Agência

Não há viver social humano que não envolva intenções, propósitos, desígnios e finalidades, o que não quer dizer que as escolhas sejam arbitrárias. Elas são determinadas, condicionadas e circunstanciadas. Mas não as são de modo absoluto. A agência humana é imprescindível ao modelo interpretativo da práxis.

domingo, 14 de abril de 2019

A compreensão como tarefa

O lance mais raro é obter uma escuta compreensiva. Na vida social, estamos julgando e sendo julgados incessantemente, uma coisa enervante. Nada mais cansativo do que o julgamento social em operação permanente de inclusão e exclusão dos outros significativos e dos outros irrelevantes. Tornar o outro irrelevante significativo, falante, expressivo, é um desafio fundamental da antropologia. Quando a forma de conhecer o outro que opera essa troca de condições existenciais, cuja tarefa primordial é a compreensão de uma expressividade negada, é menosprezada, podemos ter certeza de que estamos no caminho certo. Filosofia, sociologia, história e antropologia. Não vamos abrir mão da nossa missão.