Sociologia e Antropologia. Trabalho de campo e etnografia. Teoria social clássica e contemporânea. Blog acadêmico de Leonardo Sá. Professor do Departamento de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Ceará (UFC). Pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV-UFC).
quinta-feira, 21 de setembro de 2017
O problema da alto performance
Numa sociedade dividida em classes, o alto desempenho está capturado pela máquina de produzir desigualdades de capital, portanto, torna-se objeto de ressentimentos e raivas. É extremamente complexo manter a tradição do artesão (buscar fazer o melhor, buscar fazer algo com a melhor qualidade possível) num contexto de capitalização informacional e do conhecimento. Buscar fazer o melhor vira um título de capitalização. E nem sempre é a mercadoria mais valiosa no contexto dos mercados informacionais. O alto desempenho exige alto capital. Mas as condições desiguais de distribuição do capital restringem consideravelmente as chances do alto desempenho ser aberto ao talento, como defende a ideologia liberal e da meritocracia. Mas, por outro lado, não exigir alto desempenho dos quadros em formação, pois isso é fazer o jogo do capital, é esquecer que as tradições de artesanato são riquezas comuns das classes trabalhadoras. Numa sociedade de contradições, a ambivalência estrutural é permanente.
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