segunda-feira, 25 de março de 2013

Contra o fetichismo da globalização.

Nos jogos de escala, a etnografia busca descrever relações sociais com uma visão de grande escala. Pequena escala nos faz perder foco local. Mas as escalas não são apenas técnicas. Há escalas conceituais com abordagem multidimensional. Espaço concreto como espaço possível. Pequenas e grandes escalas são termos que foram objeto de forte escrutínio crítico, tanto na Geografia, como em outras Ciências Sociais. O esforço de detalhamento realizado pela etnografia na análise das relações de um universo simbólico não caracteriza seu localismo. Não há rede social, por mais extensiva que seja, que prescinda de conexões locais para fazê-la realizar-se enquanto rede global. A rede global não pode ser pressuposta para fins de pesquisa e de análise. Este procedimento a reifica contra sua historicidade. Em geral, as teorias da globalização prestam um desserviço ao esforço analítico do funcionamento do capitalismo contemporâneo. Associar o micro ao local e o macro ao global é uma forma de reducionismo que trai a dinâmica aberta das relações reais. Os antagonismos micro-macro e local-global traem as formas da diglossia que caracterizam os discursos estatais. Pesquisas recentes discutem que espaços coloniais funcionaram como campo de experimentação de modernidades. Dispositivos da modernidade foram "gestados" em vários casos nas colônias e depois transferidos para metrópoles. Em vez de centro-periferia, seria mais interessante falar de modernidades alternativas, como propõe Otávio Velho em vários textos. As novas ciências e as humanidades: da academia à política, de Pablo González Casanova, traduz essas questões de modo bastante instigante.

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