domingo, 12 de abril de 2015

Ética, exercício e método.

Em termos éticos, o único desafio é obliterar a conexão entre conhecimento por totalização (paranoia) e pensamento da eticidade humana. Este último é an-arché, fora da ordem e irredutível a qualquer cognitivismo. Em termos de exercício de pensamento, a única tarefa válida é escrever de novo, reiteradamente, o que já foi escrito: repetição e diferença. Em termos de método, o único método é reinventar o método para cada caso, pois, no fundo, não há o método.

A generalidade do singular.

O único é paradoxalmente múltiplo, é compósito. Uma multiplicidade sem unidade prévia. A unificação é um mecanismo político. A centralização é uma mecanismo de poder político. Mas pensar não é uma forma de generalizar? Sim, certamente, porém é preciso decidir sobre que tipo de generalidade se busca pensar. Há vários modos de generalidade. A generalidade mais interessante, a meu ver, é a generalidade do singular. Sem que se desemboque numa singularidade totalizante, no sentido dialético hegeliano. Uma singularidade que emerge na rede de relações.

A dúvida radical. Nenhum credo.

Nenhum credo é capaz de satisfazer a busca pelo sentido. Qualquer credo narcotiza o sentido da busca, ele a domestica. Todavia, para quem busca pelo sentido no modo selvagem, apenas o pensamento desafia, esse inimigo de todos os credos e que é por si mesmo incapaz de gerar um novo credo. Entre a comodidade narcótica do credo e a atividade fora da ordem do pensamento, não conto pipocas, fico desbragadamente com a reflexão sobre o sem sentido e a falta de meta transcendente ou imanente da existência.