sexta-feira, 24 de maio de 2013

ESBOÇO SOBRE O QUE É O CAMPO (DA PESQUISA DE CAMPO).

O campo é a criação de uma micro-rede de relações sociais (o pesquisador se relacionando com pessoas contextos concretos de interação social), mas o campo também pode ser um arquivo (o pesquisador se relacionando com documentos no contexto de seu arquivamento), de qualquer modo, o campo é um campo social aberto para a criação de vínculos com os outros, busca gerar por esses vínculos criados em campo o engajamento do pesquisador de campo no universo das práticas de sentido dos outros, mas esse campo social aberto não coincide necessariamente com os limites de um grupo social fechado, não é nem mesmo o in-group, pois o que estamos interessados em observar são as práticas e os praticantes das práticas e as relações entre o dentro e o fora que são instauradas por tais praticantes e práticas. O grupo social como entidade, como algo instituído, é um modo particular de fechar a abertura do campo, portanto, envolve a questão da liberdade, ou seja, das contingências em torno de limites arbitrários agenciados. Entrar no campo é pelo trabalho de campo o ato de criar relações de conhecimento com pessoas ou coletivos concretos reais e que vão ser nossos interlocutores, colaboradores, nossos contemporâneos no processo de produção do conhecimento etnográfico, todavia o que há de extemporâneo, de inatual, nesse relação criada é algo decisivo para a compreensão dos sentidos das relações e sobre os padrões que as conectam enquanto relações sociais, sendo delas derivadas como funções de criação e de reprodução. Entrar no campo é algo muito absorvente, o campo é intersubjetivo, e o pesquisador torna-se subjetivamente implicado por essa base de proximidade com os outros, é preciso então sair do campo e entrar várias vezes (aproximação e distanciamento, no sentido clássico, mas deixando de lado o enfoque representacional desse movimento) envolvimento e distanciamento com o campo é um jogo, então, sair do campo é sair do meio de campo, sair da imersão para emergir para posição distanciada de um observador que não se torna externo, no sentido positivista, mas um observador engajado extemporâneo, deixando a posição de agente estrangeiro no campo para a posição de uma análise reflexiva do que se deu no campo, agora como espetáculo. É a estratégia de sair do campo que conta como ato cognitivo decisivo. Sem sair do campo é-se engolido pela agência do campo em detrimento da agência da antropologia.