domingo, 17 de janeiro de 2021

O efeito de ser rotulado pelo outro de "relativista", quando o outro é estimado

Nos últimos tempos, a questão das relações entre ciências naturais e ciências sociais se tornou um tema apaixonante para mim. Tenho lido muito a respeito, tentando compreender minimamente como o círculo do entendimento parece afetar os dois lados dessa história. Gostaria apenas de chamar a atenção para um fato que observei. Quando cientistas sociais que são conhecidos por serem perspectivistas radicais estão entre si, apenas entre cientistas sociais, costumam adotar uma postura e uma linguagem que é muito diferente quando são obrigados a dialogar com cientistas da natureza e de exatas. Se tornam mais ponderados, mudam a linguagem, abandonam os radicalismos, fazem de tudo para não cometerem desvios de linguagem que firam as noções básicas da linguagem teórica das ciências físicas etc. Então, percebemos assim que entre nós somos muito performáticos no nosso radicalismo desconstrutor e construcionista. Contudo, diante da alteridade cientifica de cientistas naturais, ficamos cautelosos, moderados, como medo de errar e passar vergonha. Estou falando aqui de colegas famosos que passaram por esse tipo de situação. É algo que me chamou a atenção, vendo uns vídeos pelo Youtube de situações desse tipo. Penso que nós, cientistas sociais, precisamos fazer um esforço para compreender e dialogar com nossos colegas das ciências naturais. Mas sem esquecer que nós nos dedicamos a estudar comunicação simbólica, relações de poder e agenciamentos na vida social humana, fora desse núcleo central temos que ter cuidado para não falar tanta besteira. Fora desse núcleo central, temos mais é que aprender a escutar.