segunda-feira, 30 de março de 2015

Sobre a tarefa do pensamento crítico

A tarefa principal é a contestação sem tréguas do sistema de dominação. Nenhuma dominação, nenhuma opressão e nenhum regime de exploração do ser humano pelo ser humano, pode permanecer inconteste. Não há dominação legítima. A crença na legitimidade da dominação é uma função da própria dominação. A crença legitimadora da dominação exerce uma eficácia performativa sobre o funcionamento dos próprios mecanismos de dominação. Não há natureza humana e não há dominação natural. Toda dominação é uma história de dominação. Depende do emprego de meios de destruição, de violência e de mistificação do sentido e do valor das elites sociais, culturais e políticas que compõem o campo da classe dominante, o campo do poder, no sistema da dominação. O exercício do pensamento como base crítica para o campo de decisão de indivíduos e coletividades em luta por emancipação é a tarefa propriamente dita de transformação social. Não há transformação social sem horizonte de sentido capaz de imaginar o sentido da transformação social. A imaginação criadora precisa ser capaz de desconstruir os mecanismos de controle que fazem da imaginação, uma imaginação reprodutora. E a deturpação desta na forma de clichês é o alvo certeiro da atividade intelectual e do agir críticos. Desconstruir o clichê para fazer nascer possibilidades imaginativas do novo mundo, da fundação do novo mundo.

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