quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Um trecho de um trabalho de 2001.

Mas, por que buscar clarificar a questão do poder em termos metodológicos e não “puramente” teóricos? De um lado, é preciso ter em mente que, ao longo de uma investigação científica, como afirmava Wittgenstein (1996): fazemos muitas afirmações cujo papel na investigação não compreendemos. Pois nem tudo o que dizemos serve um propósito consciente (...). Os nossos pensamentos seguem rotinas estabelecidas, passamos automaticamente de um pensamento ao outro de acordo com técnicas que aprendemos. E chega então a altura de passar em revista o que dissemos. Fizemos uma série de movimentos que não favorecem o nosso objetivo ou que até o dificultam e agora temos de clarificar filosoficamente os nossos processos de pensamento ( p.97). É neste sentido que afirmo a dimensão metodológica desta reflexão e não no sentido de uma suposta separação entre teoria e prática. “A capacidade de levantar problemas (...) constitui uma das maiores virtudes do cientista (Malinowski, 1978, p.22). Portanto, aproveito a ocasião para tentar dar um passo no processo de construção de um objeto de pesquisa, cujo background etnográfico não será aqui explicitado, mas sempre pressuposto. A construção do objeto “é um trabalho de grande fôlego, que se realiza pouco a pouco, por retoques sucessivos, por toda uma série de correções, de emendas, sugeridos por o que se chama o ofício, quer dizer, esse conjunto de princípios práticos que orientam as opções ao mesmo tempo minúsculas e decisivas” (Bourdieu, 1998, p.27).

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