sábado, 12 de julho de 2014

Distanciamento com Lévi-Strauss

Os sistemas sociais, com suas práticas de divisão, poderiam não existir tais quais existem atualmente, ou seja, eles não são necessários, não estão inscritos na ordem das coisas, nenhum sistema social é essencial, o que parece ser fundamental, não o é. A ginástica do pensamento é propor mudanças variadas nas escalas temporais para converter aquilo que pode parecer fundamental em algo bem diferente do que parece ser. As formas de vida, quando analisadas a partir de um distanciamento, de um olhar distanciado, fazem com que nos situemos numa distância, numa outra escala de tempo, a análise, portanto, "está condicionada pela distância, por esse afastamento que só deixa filtrar o essencial" e o "deslocamento que elas exigem de nós para estudá-las nos condena a perceber apenas algumas propriedades que são essenciais a elas e ao espírito humano". Há tarefas a se levar a sério. E a análise sociocultural é uma delas, pois "a etnologia sempre se deu por tarefa explorar os limites daquilo que se considera num momento dado, numa época dada, como sendo os da humanidade" (Lévi-Strauss). E a atitude etnológica por excelência é "colocar-se sempre mais além do que se considera ser o possível, para o homem, trazendo para o interior da humanidade fenômenos fronteiriços, fenômenos à margem. Trabalhamos para uma ciência que deve se manter sempre à margem do desconhecido" (Lévi-Strauss).

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