segunda-feira, 22 de julho de 2013

A problematização da relação linguagem-mundo. O ponto de partida.

No modo como se concebe a linguagem em conexão com o mundo está a chave para a questão da relação entre pensamento e loucura. Nem toda forma de discurso é usada para fazer alguma correspondência entre a linguagem e a estrutura das coisas. Há formas de discurso cujo interesse é contagiar o outro, é incitar, provocar transformações, e não transmitir informações sobre algo. Se já havia como problematizar a concepção de linguagem como estando em correspondência com um estado de coisas, no sentido de se perguntar não como algo é algo, mas como é possível ver algo como algo, é, igualmente, passível de problematização conceber a linguagem como experiência. O que está em jogo nesta discussão é pensar os regimes de enunciação como jogos de linguagem, de um lado, mas, indo além disso, como jogos de verdade. São as condições práticas de falas que enunciam verdades que ensejam o exercício de pensamento que também se quer uma experimentação. Se há experimentação, há também questionamento da força e da autoridade, de modo que é a própria noção de certeza que passa a ser problematizada. É sempre bom lembrar que a certeza absoluta está em função de uma fantasia neurótica de que tudo o mais seja dito enquanto referido a um centro de poder, sendo que as impotências que são inerentes a esse ato de se autonomear um centro de poder, a impotência do próprio sistema de delimitação e de autonomeação do centro de poder não é tematizada pelo centro de poder, é algo pressuposto de modo implícito, é o próprio discurso de verdade em operação.

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