quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Foucault e a literatura.

"a literatura constitui um jogo organizado com todas essas impurezas ou complicações que, na língua, perturbam a simplicidade da mensagem e empanam a transparência das comunicações elementares (...) A literatura não reside na perfeição da mensagem; ela não se aloja na adequação do dizer bem; ela está do lado do dizer mal - do excesso ou da carência, da lacuna ou da redundância, do muito cedo ou do muito tarde, do duplo sentido e do contratempo. A literatura mais pura abre seu caminho na opacidade desses deslocamentos, desses ruídos que tolhem a eficácia da mensagem. Enfim, a literatura, no seu discurso, trama estranhos circuitos, curiosos desenhos entre o locutor e o destinatário; desdobrando-os, escondendo um, representando o outro, jogando indefinidamente com a primeira pessoa e com as formas possíveis de interlocução" (Michel Foucault apud Eribon, F. e seus contemporâneos). "o que faz com que um discurso literário seja literário? Como um discurso dá a si mesmo os signos da literatura?" (Foucault). Para Foucault, este foi o problema central lançado por Barthes na década de 1950, retomando a tradição do formalismo russo na análise literária que não passasse pelas abordagens fenomenológicas e psicanalíticas dominantes na França, onde a questão era outra, a saber, investigar do ponto de vista da análise do autor o "espírito imaginário do escritor e as metáforas que traduziam seus fantasmas". (nota de estudo).

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