sexta-feira, 21 de abril de 2017

A dor e o sofrimento dos outros: desafios para a teoria social.

Uma reflexão teórica, a meu ver, não pode ser insensível aos modos de dor e sofrimento dos outros. Em um mundo no qual há formas cada vez mais enfáticas de indiferença e insensibilidade moral e ética diante da dor dos outros, desenvolver uma teorização que parta do engajamento com novas atitudes de responsabilidade ética com os outros parece-me fundamental. Não se trata de um humanismo no sentido clássico, aproxima-se mais do que Lévi-Strauss chamava de humanismo generalizado, que é o humanismo que não aceita ser de modo implícito uma ferramenta de poder de uma concepção particular de normatividade social que se quer fazer passar por universal, como é o caso das retóricas religiosas ocidentais em suas formas seculares de direitos humanos que justificam a violência do Estado imperial contra os supostos seres não passíveis de luto, tratados como vidas abjetas e descartáveis. O fundamentalismo ocidental se pensa como representante universal da racionalidade humana, isso precisa ser deslocado da episteme da sociologia e da antropologia, pois a misoginia, a homofobia, a transfobia, lesbofobia, racismo e outras formas de paranoia e medo dos outros costumam se vestir de teorias de pessoas de bem. Trazer a dor do outro como alicerce da produção do conhecimento é trazer o pensamento crítico para a seara teórica, afinal, a luta política também passa pela luta teórica, não apenas, é claro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário