sexta-feira, 21 de abril de 2017

A realidade social.

O que chamamos de realidade social não é uma realidade que descrevemos, pois não há realidade independente do processo de sua percepção. Sociologicamente, a realidade social precisa ser estudada a partir da descrição e análise de suas coordenadas simbólicas. O problema do simbolismo na vida coletiva é a questão central da análise sociocultural. O símbolo não corresponde ao real, ele o afronta. O símbolo como afronta ao real. Como corte do real. Um símbolo cortante. Instaurador de realidades virtuais contra o fluxo do real. Coordenadas simbólicas como realidade social específica. Esta realidade sendo uma entidade virtual inscrita como corte contra o fluxo do real. Um signo inscritor? Um signo performativo? Um signo ausente? Um signo flutuante? Um signo em fluxo? Quando se interroga a relação entre ficção e realidade, costuma-se dizer que, em termos pós-modernos, a realidade não passa de uma ficção. O problema com esse relato é que não questiona o modo como a ficção faz parte da produção de um real que não pode aparecer sem ficção. Ou seja, a realidade não é uma ficção. É algo que não funciona sem ficção. Mas, no fundo, a realidade não é algo, pois se trata de devir. Não é um estado de coisas. Há um fluxo do real e nesse fluxo, há contramovimentos de crença e desejo investidos contra o real e sendo afrontados pelo real. A intrusão do real não ocorre sem ficções, mas as ficções não são meras ficções, são efeitos do que há de irreal no real. Uma realidade sociocultural é mais ou menos do que uma narrativa sobre ela?

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